DESERTOS QUENTES

Vultos me seguem pela noite escura

Eu procuro por migalhas de felicidade

Mas tudo se perde dentro do vazio

Eu sou o que ninguém espera

Não sou nada de claro e certo

Não estou perto de nada nesse mundo

Meus amores são garotas empalidecidas

Pelos horrores das ruas virulentas

E pelas lanças com ilusões pontiagudas

Diante dos meus olhos tudo se desmancha

Teus longos prédios balançam para cair

Em cada apartamento o sono ilude

Não me procure nos bares superlotados

Eu não me mergulho nas bebidas de outdoor

Prefiro o fel produzido na periferia da boca

O sono não me encontra para ninar minha carne

Caio dentro do redemoinho soprado pela burguesia

Mas eu saio pela tangente como um rato

Então sobrevivo fora dessa gaiola apertada

Em desertos quentes com areia nos olhos

Mas vejo perfeitamente minhas miragens

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 08/06/2018
Código do texto: T6358994
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