Mortuária

Em meu sonhos resplandece

Caminhos no repouso,

Em uma poesia qualquer

Me dê o ópio,

Os versos que embebedam

Ao longo do dia quente e violento,

A noite rubra me aguarda,

E quando não restar nada,

De certo morrerá o tempo.

E mesmo que não ouças,

Sacrilégio qualquer,

De metamorfoses da vida,

Serias cético se não dissesses,

Que não há felicidade,

Nas tragédias vivenciadas.

Sele a besta do abandono

Em campos tão antigos,

A solidão sempre está presente,

Como as missas nos domingos.

A morte escondida,

Em planícies nebulosas,

De fé tão honrosa,

O nada narra canções no vento.

Eu não seria,

Mesmo que um dia eu tivesse sido,

Já vivi outros outonos,

Presenciei outros horrores

E o que resta-me é inimaginável,

Superficial e apagado,

Como velas em uma noite sombria.