Outono da Derrota

Sob um céu de chumbo vem a brisa

Gélida, cortante, negra poetisa

Um nome em murmúrio soprado

Evocando a queda do então domado

É a garoa que cai fina sobre a terra

É a constância do oceano nesse equinócio

A paixão se torna fria como pedra

Triste final, dominado pelo ódio

Mas eu prefiro o rancor no coração

No olhar cravada a vil traição

A contemplar por outra vez que seja

Teu rosto na treva que o enseja

Saboreio do amargo uma vez mais

É o outono da derrota, obscura nota morta

Escrita numa lápide onde jaz

Um caixão vazio e uma memória amorfa