ESSA POESIA DENTRO DE MIM
 
Estou magro, com fome e quase morto
Essa poesia dentro de mim é o que resta
Eu já não encontro a única porta de saída
 
Os ventos do mês passado me assustaram
Essa poeira dentro de mim é o que resta
Eu já não aceno adeus para os que partem
 
O mundo como conheci já não existe mais
As palavras já não me descrevem um cais
O último barco partiu levando a esperança
 
Eu estou com medo, com frio e pouco vivo
A réstia de luz dentro de mim é o que resta
Eu já não procuro mais a única porta de saída
 
Rugidos de feras do passado ainda me assustam
Esse sussurro dentro de mim é o que resta
Eu já não contemplo mais o sol de cada manhã
 
O mundo eterno que eu descobri se desmanchou
As ondas agora gemem de dor quando morrem
O meu último castelo de areia o tsunami levou
 
Palavras viraram vermes comendo minha carne
E a poesia se refugiou na solidez dos meus ossos
Para existir em meus olhos diante desse apocalipse

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Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 23/07/2019
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