COMBUSTÃO

O inverno desbotou filetes de sangue meus

E o frio engelhou minha pele já tão rubra,

Petiscos de arrepios também de cor púrpura

Atearam em mim meneios de despedida: adeus!

Meio encarnado, o corpo parecia uma escultura

Trabalhada por artistas com índole de fariseus,

Os órgãos saltitavam dentro de mim tão hebreus

Que urdia em brasa como fogo fátuo de sepultura.

Minhas hemácias circundavam as veias, atônitas!

Festival plasmático consumia das cadeias iônicas

Do esqueleto, a química que pudesse conter vida...

O inverno destoou um complexo grupo sanguíneo

E trouxe à vertente da existência um aspecto ígneo

Donde as cinzas são cicatrizes da carcaça desnutrida!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 22/02/2020
Código do texto: T6872173
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