Spiritus Tenebrarum

Era uma manhã demasiado soturna,

nuvens chorosas impediam

o aparecimento do astro-rei.

Foi naquela manhã melancólica

que eu ansiei sucumbir ao infindável inane.

Fitei-me no espelho e vislumbrei

um vão incomensurável nas janelas da minh’alma.

Os meus lábios, lívidos e trêmulos, sussurraram:

tu és bem-vindo, spiritus tenebrarum.

Subitamente, através da janela entreaberta,

um sopro glacial adentrou o meu quarto;

a brisa trouxe consigo uma enorme pena azeviche.

Vagarosamente, ela pousou em meu leito,

e um grasnar ensurdecedor encheu o recinto.

Naquele instante, eu pude compreender:

o ceifeiro não veio, mas enviou o seu leal mensageiro.

Jeane Tertuliano
Enviado por Jeane Tertuliano em 14/07/2020
Código do texto: T7005578
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