PAISAGEM

Cuspir no chão,

Escarrar da alma o veneno

E tossir o sangue epiceno

Que traz uma tuberculose infecta

É preparar-se para o manjar dos corvos.

Vomitar no soalho de cerâmica,

Urinar do íntimo a podridão

Que putrifica nas veias a saúde

É aguardar o vexame do coma

Que levará à campa uma vida satânica.

Defecar num tapete persa,

Lambuzar o âmago do pus amargo

Que nauseabunda a ferida gangrenada

É o apêndice de uma enfermidade eclética

Que deixará no sepulcro uma anatomia tétrica.

Encher o ambiente de gases intestinais,

Abrir a boca para o hálito impuro

Que sufoca do olfato o orvalho pestilento

É amordaçar o esqueleto oblongo

Na morada última de uma sepultura perpendicular!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 03/11/2020
Código do texto: T7103456
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