Mar mental III

Desabando lentamente

Confortando muita gente

Gritando constantemente

Abraçando pessoas que nunca vi

Transcrevendo sentimentos que doem até em mim.

Deitado em um chão frio

Rodeado de poemas

Escreva o que sente?

Escrevi um poema

Passei um traço

Rabisquei as palavras

Enquanto a minha alma se afogava

Nos meus pensamentos diários.

Por que você sorri enquanto chora?

Porque se eu parar

Eu vou me perder no caminho.

Mulheres caminham com os corações

Em pedaços e outras em reconstrução.

Corpos lutam diariamente para esquecer

O que a sua alma já registrou há muito tempo.

Encarava os meus textos buscando respostas

E era afogado com uma chuva de perguntas.

Eu cansei de fugir

Eu aceitei o que eu escrevi

Eu aceitei as dores que existiam em mim

Eu aceitei que as poesias salvam vidas

Inclusive, a minha também.

Ela usa as suas dores

Para reconstruir os pedaços do coração de alguém.

Ela não escreve por escrever

Mas sim porque precisa colocar para fora

Tudo aquilo que a sua alma sente.

Maquiagens foram borradas

Porque as decepções marcam a gente

O meu ser foi reescrito

A base de lágrimas e sorrisos.

O meu ser foi condenado

A escrever o que sente

Até que o corpo não consiga se mexer mais.

Tem dias que queremos caminhar

Mas tem dias que queremos sumir

Tem dias que escrevemos para aconselhar

Mas tem dias que escrevemos para desabar

Meus escritos gritam

Meus versos transmitem mensagens

Muitos me leem

Mas são poucos que possuem coragem de comentar.

Porque o que atravessa a nossa alma

Nos deixa completamente sem palavras.

Rafael Silvaa
Enviado por Rafael Silvaa em 03/04/2021
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