Farol das Almas

Certas noites, brumais, dos plenilúnios,

A lua alva no aconchego dos negros véus,

Visão medonha, sagrada e dos eflúvios,

É a visão, sacrossanta dos ermos céus...

Há um mistério, que encanta e arrebata,

Que no ardor dessa santa contemplação,

Faz da lua um mistério que Deus retrata,

As santas almas, que jazem hoje ao chão...

Exuberante mas triste, paramentada,

É esta leiva que um dia acolherá,

Todas as almas da terra, iluminada...

A luz da lua atraca nos tristes portos,

Como farol, das almas enclausuradas,

Sagrada luz, angélica dos mortos...