NEFASTA

 

Eram tantas as pedras no caminho

Que meus pés descalços se feriram

Pontiagudas, duras, frias, mudas

 

Tampouco eu fonemas proferia

Calada, vitimizada, a vagar relegada

Apaixonada por teu cruel coração

 

Pouco adiantava os muitos sinais

Avisos fraternos ou realidade aparente

Enxergava apenas a minha tola ilusão

 

Passavas por mim como um trator

Destruindo tudo à tua volta sem pressa

Dissimulado aterravas os meus arroubos

 

Ciente de que não é amor o que me dás

Busco os restos quando ébrio te acho

O pouco me basta e me regalo nefasta

 

Sou alma penada vagando nos mármores

Gastando sapatos e meias atrás de ti

Rainha louca do caos que me devasta

 

Aí Que vontade parda de ti!

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/04/2022
Código do texto: T7500773
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.