O Salão do Nunca Mais

Ana Esther (25/05/2022)

Lá estava o escritor novato

Reunido com colegas no Salão

Fingindo timidez e recato

Sentia-se superior a todos, em seu coração

Findo o sarau de talentos

Todos deixaram o recinto

Cheio de inveja e impulsos violentos

O novato ali ficou, com ódio retinto

No Salão permaneceu solitário

Até que um barulho ouviu...

Vinha de um antigo armário

Curioso, força e coragem reuniu

Abriu a porta com vigor

Nada ali havia...

Para seu estupor

Um anel exceção fazia

Agarrou o mágico objeto

Logo em seu dedo o colocou

Num gesto todo secreto

A poeira com a mão esfregou...

Oh, terror! Dali um Gênio apareceu

De figura mui tenebrosa

E já sua magia ofereceu

Magia do mal, escabrosa

Envaideceu o ego do escritor

Que fez seu terrível pedido

O Gênio gargalhou com ardor

“Um feitiço é o que te será concedido!”

“Desejas ser de todos o melhor?

Bravo! Eu sou um Gênio malvadão

Reverto o teu pedido, terás só o pior...

Teus talentos desaparecerão!”

O escritor implorou por outra sorte

Que pavor não poder escrever nunca mais...

O Gênio ofereceu-lhe como opção a morte

Berrou desatinado o escritor: “Não jamais!”

E o Gênio coçou o enorme nariz...

“Prometo! Não escrevo nunca mais!!!”

Sumindo do Salão, repetia o Gênio: “Se tu diz, se tu diz...”

E o escritor ficou chorando: “Nunca mais, nunca mais..."

*Esse poema surgiu de um Desafio poético. Desaafiei o escritor Gilmar Milezzi a escrevermos poemas de terror gótico! E esse é o de minha autoria, o dele é DESEJOS INSATISFEITOS. A expressão "Se tu diz" é típica do Manezinho da Ilha em Florianópolis...