Sob estranhos olhares
Numa noite de inverno
de frio, fortes ventos
e, realmente muita chuva,
já tinha realmente jantado
e a máquina de lavar louças
mesmo sendo silenciosa
fazia-me escutar os seus distintos ciclos
como se tivesse competindo
com a chuva e os fortes ventos
nessa noite cujo inverno
mostrava-me não ter lamentos.
Mas, mesmo assim estava
no meu preferido lugar
perto da lareira na minha escrivaninha
e, entre goles desse delicioso café
via as também silenciosas labaredas
vindas da lenha que queimava
e, quando animado narrava
mais uma excitante prosa poética
vi repentinamente em minha volta
apesar de distantes,
estranhos olhos me olharndo
e, literalmente sem piscarem
e, quando realmente vos encarei
como mentalmente orei
ao mesmo tempo desapareceram
deixando no ar um fétido cheiro
misturado com enxofre de verdade,
claramente com isso mostrando
serem seres malígnos na realidade.
A razão que me olhavam
realmente até hoje não sei,
mas francamente nunca me esqueci
daqueles estranhos olhos
que atentamente me olhavam.