O MORTO DE ÓCULOS ESCURO

Os olhos do morto me acompanhavam

Não sei por que eles estavam abertos?

E em cada canto aquele branco estava mais perto

E sem querer nossos olhares se encontravam

Sai com traumas da casa do amigo , do seu velório;

Pensando por que os olhos não lhe fecharam?

Os familiares lhe negligenciaram

Para que ele não visse um féretro tão simplório

O caixão era roxo e tinha quatro alças

Não tinha coroas e flores com cheiro de morte

Podia -se dizer que o horripilante não tinha sorte

Uma indumentária rala com um rasgado na calça

Tiraram-lhe as dentaduras e lhe enfiaram algodão no nariz

As mãos entrelaçadas calejadas, de agricultor, não tinham saúde

Os pés saiam fora e passavam do ataúde

Mas, o que mais me incomodou foi aquele giz

Sai apressado dizendo que iria voltar na ida ao horto

Mas , depois voltei e falei pra comadre dar um jeito no compadre

Quando voltei trouxe uns óculos escuro e um padre

O padre exerceu seu ofício e com os óculos escuro dei um jeito nos olhos do morto.

Porto Velho 18/02/2022

Professor J Silva
Enviado por Professor J Silva em 06/02/2023
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