Melancolias e Alguns Versos

No céu, estrelas desabam

Sobre o rebanho de condenados

Onde os mortos vagam

Quebrando os ossos, aqui, deixados

Meus olhos esbugalhados,

Estúpidos, a mirar

Meus pés estagnados

A ceifa a se aproximar

Deus tem piedade,

Mas a morte tem pressa

Perda de tempo é a saudade

Por isso, o homem a despreza

Relíquia de um tempo passado

Onde a humanidade era temente

Matar-se para não ser devorado

E sobreviver na consciência ausente

Um espírito vazio,

Em um corpo profanado

Pois os homens roubam o brio

Neste antro condenado

A chaga na pele

Expõe a carne crua

O pecado reflete

Minha essência nua

O sangue escorre,

Mas não lava a honra manchada

Nem revive a pureza que morre

A cada dia, nessa mente desgarrada

Alma fadada

Ao vitupério do pecado

Cujos sonhos jazem no passado

De uma lembrança apagada

Os olhos já não brilham mais

Feito estrelas decadentes,

Exibirão sua graça jamais

Na escura alma dos descrentes

Morrer nesse deserto,

Ansiando por minha salvação

Esse é meu destino certo

Aceito minha danação

Doce esperança,

Nesse mundo de dor

Tola perseverança

Nessa falácia dita amor

Queria apenas poder dormir

Fechar meus olhos em meu leito

Sem lamentos quando me deito

Um último instante antes de partir

Cansada de esperar perdão,

Sigo descalça sobre a poeira

Unindo-me à sujeira

Nas ruínas da Criação