O anjo da morte (26 de julho, 2004)

dois ocos

duas janelas

por pestanas

o horizonte

que desenhista persa rabisca

ocos que se movem?

ocos espertos e despertos?

olham espiam espreitam

se olho nos olhos da Morte

dentro deles vejo a vida

dançando detrás do túnel

uma passagem sem porta

tendo aqueles dois olhos ocos

será a Morte uma pessoa?

será ela...

qualquer coisa?

pássaro? brilho?

arbusto? pedra?

naco de névoa?

se presença, conhecida?

acaso desconhecida?

por mim a Morte vela

(estando eu saudável ou doente)

é um anjo e me guarda

e paciente me aguarda

esperando a hora dela