Pílulas

nem chegou o poema

e embaralhou-se nas

linhas do caderno azul.

o riso fácil, o verbo doce.

decifram sinais de alerta.

deslisam os dedos

nos casacos molhados.

a luz perpassa a dor e

o muro entre nós.

há loucura

na brancura

do papel.

choram meus versos

em rasgos no chão.

saltam as palavras

no avesso da noite.

o amor escreve

no ar a solidão.

abnegada, a alma

espia a imensidão.

sustenta os sonhos

o coração.

entre vírgulas,

desce a chuva

no vazio.

o vento frio

desenha

temporais...

não é poeta

quem não chora.

secam as tintas...

riscam as canetas

traços da ilusão.

são exagerados

os sentimentos.

vestem a poeira

dos caminhos.

os deuses tomam

posse do pranto

derramado na

escuridão.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 07/06/2017
Reeditado em 20/06/2017
Código do texto: T6021351
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