Vastidão Brasil

Vastidão de terras.

Terras com poeiras.

Terras e soleiras.

Terras e porteiras.

Deste meu país tão grande.

Tão vasto, tão rico.

Tão desigual.

Tão anormal.

Vastidão de verdes.

Verdes na cidade.

Verdes na fazenda.

Verdes na quitanda.

Na venda dessa vida.

Vastidão de terra.

Tudo que se planta,

se colhe.

Se colhe com certeza.

Olhe pro céu,

olhe pro solo,

veja tudo com os teus olhos.

Vastidão de gente.

Pobre, rica,

preta, amarela,

feia, bonita.

Gente que é gente,

gente indigente.

Gente que sente,

gente indiferente.

Vastidão de águas.

Águas doces,

águas salgadas,

águas mudadas.

Poluídas ao normal.

Vastidão desigual

Vastidão de risos,

de choro, vastidão de couro.

Terras pisadas,

terras ocupadas,

terras molhadas.

Cheiro de terra.

Vastidão que me apetece os olhos.

Se o que se sente é normal,

a visão é desigual?

Qual o sentido, qual?

Vastidão Brasil,

Brasil de azul-anil,

Brasil que escoa

todos num funil.

Vastidão Brasil.

Brasil dois mil.

Sandra Vaz de Faria
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 08/09/2008
Reeditado em 08/09/2008
Código do texto: T1167285
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