já não chove

Já não chove

e as estrelas apagaram-se naquele inverno

porque falta construir um presente diferente

Já não chove como há tempos atrás

e sol é demasiado quente

arde na pele

queima nossos sonhos

Já não chove

e as estrelas no céus

das esperanças não há

e a lama insiste

em grudar nos nossos sapatos

e sujar o carpete da sala de estar

Já não chove com antes

e quando chover vão chamar-lhe dilúvio

e nossa sede não cessará

nem com um copo de água

nem com um açude que transborda

porque há quem pense num país

de coronéis e recompensas fáceis

direitos delimitado por arame farpado

porque a igualdade só existe

para os Zés e seus ternudos companheiros

por aqui já não chove

e continuam prometendo chuva

para lavar a lama grudenta

sob nossos sapatos

mas a chuva não virá

e plantação dos sonhos secará

"e virá o sr. agricultor exigir a calamidade para o bolso

e virá o sr. padre anunciar os males do demo"

e Babilônia sucumbirá

"quando as estrelas começarem a cair"

chuva não haverá.

Mônica Ash
Enviado por Mônica Ash em 04/05/2006
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T150324
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.