Lira negra
Lira negra
20 02 89
O jovem pastor
que dos montes desce
reza ao seu amor
a + contida prece.
E é tão maravilhoso
que em seu peito
bata, sereno e orgulhoso,
um coração de amores feito.
E da distância
que a tudo pode roer,
para ele não traz importância
pois não pensa que tudo esteja a morrer.
E diz com desprezo,
aos que nele só vêem um impotente:
- Afago teu cabelo negro,
assim, em pensamento contente.
E na noite que espero
numa canção sermos
o que demais quero
de nós dois termos.
Queimo q negra oferta
que de mim se afasta
E grito: - Desperta,
sentimento que me arrasta!
Quando em abril então,
Der-te as minhas mãos, mãosminhas
chorarei a desilusão de amor,
que para mim guardado tinhas
Sem um dia qualquer
para chorar ou cantar
uma canção à mulher
na estrada, longe a caminhar...