URUBUS
Os urubus não mentem
quando aguçam um mau cheiro,
um cheiro podre de coisas que não prestam,
estragadas, arruinadas, fedentinas
provocadas por mentes sujas, malvadas,
maliciosas, que de tudo servem para nada.
Línguas afiadas, prontas, discursos
puramente montados, preparados
para abortar a mente daqueles
que acham ter o direito de pensar.
Pobres mentes!... nada sabem da vida
que lhes planejam, sem nenhum traço
sem escolha, sem meios de explicação.
Esquerdas e direitas se misturam
num jogo claro de interesses comuns
às suas sociedades montadas, bravamente
articuladas, limpas, límpidas da realidade
clara, para não profanar com coisas
necessárias, suas falsas ideologias,
brinquedo apropriado para cabeças
fúteis, belas e de valores desraigados.
Vai pelo ar o mau cheiro, o odor dos
excrementos mentais, daqueles intitulados
perfumados.
Tolo engano! pois, no meio dos vivos,
os urubus encontram seu prato predileto,
rondam e denunciam a presença
de coisas que não prestam, e nestas coisas
estão as mentes dos "nobres", exalando o perfume
caro, extraído do único prato servido,
a esperança de viver, simplesmente viver,
sem essa "coisa normal".