O BOBO DA CORTE

Que rufem os tambores!!

Gritam as vozes do alto do palácio...

Para que ecoem pelos surdos ouvidos da população

Todas as palavras que ficaram escondidas na sombra do silêncio

Todos os silêncios que calaram a boca da grande multidão.

Trafegam pelas bocas da realeza

As palavras toscas e profanas

Como a mais exata das verdades

Assemelhando-se a porcos, que faz de tua casa, lama,

Oferecendo em troca sua carne, sua gordura, sua cama.

Ah! Línguas ferinas, ouvidos de mercador

Destina teu olhar gelado para fora de teu átrio

Deixa teu trono, tua coroa, vem aprender a sentir dor,

A plebe é seu reinado, sua realeza,

Seu cajado, sua ciência humana, sua maior nobreza.

Que rufem os tambores!!!

Que toquem as cornetas!!!

Que abram as portas do palácio

Pra sua alteza passar!

Vem ser plebeu de seu poder

E ver que o bobo da corte, tem coroa na cabeça,

cobre sua nudez com as vestes e capa de rei,

Mas tapa os seus ouvidos com a música de sua festa

Pra não ouvir o silêncio que aborda sua alma

E te deixar dividido, fazer enfim sua escolha

Ou ser então o escolhido.

Que rufem os tambores!

Que abram as portas do palácio!

Pois de lá já vem alguém

Se não é o rei, é o palhaço

O povo cá fora quer somente

O espetáculo, bater palma,

Pedir bis, pois que já disse alguém

Que todo povo tem o governo que merece

Resta então quem sabe

uma gota de coragem

Para ver essa miragem

Um novo rei

Um novo povo

Uma nova gente

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 10/06/2006
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