OS MAGRIÇOS NA ALEMANHA
A VIGÍLIA DOS MAGRIÇOS
I
No Salão nobre do motel,
naquela quadrangular mesa,
reuniu-se a futebol-nobreza
sob as ordens do coronel.
Ali riscaram um vergel
de geométrica singeleza
fazendo contas com firmeza,
como num tablado em papel.
Rei Scolari pregou sermão,
de Scaliburi em sua mão,
ditando o rumo da Vitória.
Todos de pé, olhos adiante,
gritaram com alma, avante !
Eis nossa sina, eis noss’ história !
II
SONHO DOS MAGRIÇOS
Na távola esverdeada os Lusos cavalgavam
sobre os ginetes belos, belos seus feitiços,
as fortes armas e os arneses qu’ espelhavam
naqueles rostos a energia dos Magriços ...
Memorável Torneio há muito anunciado,
quis a sorte escolher os Bretões, que s’ armavam,
e, sendo p’ro troféu o prélio preparado
na távola esverdeada os Lusos cavalgavam ...
Correndo sobre a relva a bola incandescente
por Santo Graal s’ eleva além dos bons serviços
deixando entontecida toda aquela gente
sobre os ginetes belos, belos os feitiços ...
A liça transformou-se, por força do embate,
na prova contundente pela qual lutavam
pondo em confronto, nos dois lados, sem dislate,
as fortes armas e os arneses qu’ espelhavam ...
Quão espantosa se tornou a dura luta
deixando, todavia, os corpos inteiriços
que a alma lusa logo ali virou permuta
naqueles rostos a energia dos Magriços !
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE