Américas.
Ouço, sons de metais e motores
tantos ais e tantas dores
e o silvo agudo, cortante
de um expresso ferrocarril;
gritos da mulher que sumiu
a bordo de um trem azul
na direção do centro-sul.
Ouço, os sons mediterrânicos
da imperial Roma devassa
e de um povo americano
transformado em néo romano
expulsando a barbárie.
Aí, poeta! Tu és um bárbaro.
Teus filhos não podem crescer!
Talvez eles sejam uma ameaça
para a adulta república do Norte
por isso a sombra da morte
paira sobre a tua cabeça.
Não podes mesmo viver!
E no entanto, vives;
de amor e de poesia,
de sarcasmo e de ironia
que eles não podem compreender.
Como não entendem também
o orgulho de teu sangue,
mistura de tantas vidas
indígenas e afro-ibéricas
que no chão dessas Américas
enraizaram-se pra não sair!