Américas.

Ouço, sons de metais e motores

tantos ais e tantas dores

e o silvo agudo, cortante

de um expresso ferrocarril;

gritos da mulher que sumiu

a bordo de um trem azul

na direção do centro-sul.

Ouço, os sons mediterrânicos

da imperial Roma devassa

e de um povo americano

transformado em néo romano

expulsando a barbárie.

Aí, poeta! Tu és um bárbaro.

Teus filhos não podem crescer!

Talvez eles sejam uma ameaça

para a adulta república do Norte

por isso a sombra da morte

paira sobre a tua cabeça.

Não podes mesmo viver!

E no entanto, vives;

de amor e de poesia,

de sarcasmo e de ironia

que eles não podem compreender.

Como não entendem também

o orgulho de teu sangue,

mistura de tantas vidas

indígenas e afro-ibéricas

que no chão dessas Américas

enraizaram-se pra não sair!

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 11/08/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2431972