Escravidão
Retirados fomos de nossos lares;
E sem nenhuma vontade atravessamos os mares;
Como animais fomos tratados;
Por nobres europeus intitulados.
Sem família, sem casa e sem amor;
Dividimos com todos o odor;
De uma vida sofrida, de trabalho;
E de muito horror.
Sem motivos sofremos a condenação;
De nenhum crime comprovada a execução;
De nós foi retirado o desejo;
Da vida interrompida qualquer almejo.
Atados como Cristo fomos à coluna;
E experimentamos ali a amargura;
Do açoite, do chicote e da ditadura;
Marcados, para sempre, na pele crua.
Naquelas viagens morremos para a vida;
Que infelizmente foi apenas de ida;
Desejamos, agora, viver nossas idades;
Em vidas pautadas na felicidade.
Anderson Junque