Cantiga de revolta

Minha terra tem morros,

Onde cantam os fuzis;

As balas, que lá gorjeiam,

Derrubam corpos por aí.

Nosso céu tem mais helicópteros,

Nossas várzeas têm mais túmulos,

Nossos bosques têm mais lixo,

Nossa vida, nem temos mais.

Em cismar calados à noite,

Fingimos desejos de paz;

Minha terra tem crianças,

Onde educação não há mais.

Minha terra tinha primores,

Que o Estado deixou pra trás;

Em cismar calados à noite;

Velamos direitos iguais;

Minha terra tem crianças,

Enterradas nos funerais.

Não permita Deus que eu morra,

Se, um dia, eu voltar para lá;

Quero fugir da violência

Que não encontro por cá;

Que ilusão essas palmeiras

Onde canta o Sabiá!

Breno Leal
Enviado por Breno Leal em 15/11/2011
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T3336423
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