A Flor de Ferro
Num distinto jardim
Cercado por ornamentais flores de cristal,
Brilha inexplicavelmente
Uma flor de ferro.
Sua raiz pivotante é acinzentada
Com coifa de chumbo
Mais prende a terra nela
Do que ela no mundo.
Nas pontas dos estolhos,
Cinzas por sinal,
Folhas sagitadas cegam os olhos.
Luz verde, essência floral.
A monotonia se desfaz
E finalmente a noite pode ser audaz.
Pétalas enferrujadas
Movida a carvão,
A flor de ferro
Escurece o pulmão.
Nesse secreto jardim
Perecem as flores de cristal
Trincam, racham e quebram.
Uma, porem, fixa ainda está.
Ofusca, brilha e queima.
O chumbo, o ferro e o cinza.
A flor mudou, o país parou.
Todos mantém as pupilas abertas
Até mesmo de noite
Aquela que cristal parecia, era diamante.