Cachoeira da Justiça

Com o aceno verde amarelo

posto-me na praça dos poderes,

sem armaduras dos romanos

com peito aberto dos gauleses e

grito! Mesmo só, grito !

Grito à cada porta fechada

dos tronos guardados,

o que nos pertence .

Grito feito louco

até que ouçam-me

ou arranquem-me

tapando –me a boca

Nas paredes, nos vitrais de espelhos

o eco repetirá o que nos pertence

o eco da voz de um louco.

‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.

Rui Barbosa