Comício no Interior

As ruas são tomadas pelo povo,
Que sem se dar conta de que é prejudicado,
Segue em passeata aclamando um candidato,
Ao som de melodias deploráveis.
Melodias depredando um à imagem do outro,
Adversários se enfrentam, como sendo o povo,
O causador de uma briga que não deveria existir.
Diz um de si mesmo: sou o melhor para a cidade,
Pois quero continuar o trabalho do meu correligionário.
Que, aliás, há doze anos, estamos ganhando e,
Em time que se ganha não se mexe!
O outro diz: quero poder mostrar para meus conterrâneos,
Que posso fazer um bom governo,
Em nossa cidade precisa de educação,
Nos mandam tomar remédio,
Mas no hospital está faltando!
E continuam seus belos discursos de plano de governo:
Xô passarinho, agora é a nossa vez!
Como se as instâncias de governo
Fossem casas de mãe Joana,
Que só basta um dizer para o outro:
Sai dai que agora é a minha vez de me dar bem,
Ou então: larga o peito da mãe Joana,
Que também quero mamar!
Enquanto o que já está diz seguro:
Daqui não saio daqui ninguém me tira!
Até quando um poder que deveria ser do povo,
Será levado no cabresto, como um jumento inválido?
Desde quando a festa da democracia,
É convenção partidária?
Acorda povo brasileiro, está na hora de ir para escola!
Aprender que todo poder emana do povo e,
Político é somente um empregado,
Que se muito passar, são quatro anos!
Ivanildo Franco