Caminho escuro

Nas senzalas do passado

vem vindo as crianças

com os pés descalços

guardando velhas lembranças

negros no olhar

reluzentes à luz

as margens da dor

sem a causa da vida

e com saudade do amor

cantando a canção

que os motiva a caminhar

com pedregulhos ali para lhe derrubar

e os gritos soando em meio ao ar

das chicotadas do capataz

"tudo bem, patrão, não faço mais".

A saudade volta a assolar

o peito dos pequeninos

a razão desse destino

nem o tempo dirá

ao passo que caminham

as correntes tornam a lhe puxar

e,talvez,um dia, esses meninos verão

o cadeado abrindo,

uma nova emoção surgindo

a liberdade sonhada a espreitar.

Uma voz berrando, nos pensamentos atordoados,

"deixem-nos sair" ou quem sabe

"libertos podem ir"

um dia isso ainda vai acontecer

pensa o moleque, sem perceber...

e assim começou o grito do crioulo

chicoteado: Livre estou!

LuhMar
Enviado por LuhMar em 28/10/2014
Reeditado em 23/12/2018
Código do texto: T5015171
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