~ Verás que um filho teu não foge a luta ~

Não, hoje minhas mãos não estão mais amarradas

Minha boca não está mais amordaçada

Muito menos minhas vistas vendadas

Vejo muito bem o que acontece

Lá na esplanada

Minhas mãos escrevem

Dão forma a minhas palavras

Como quem empunha uma espada

Que quer aprender a usar as letras como arma

E não se deixar mais por elas ser levadas

Ou apunhaladas em ciladas arquitetadas

(Nessa guerra posso eu me fazer de rogada?)

A boca não fala, muitas vezes se cala

Não por mordaça

Mas perplexa, chocada

Pela massa que quer ter voz

Mas que pelo jogo do poder, é manobrada

Como uma manada e não percebem em tudo isso

Vil, rasteira e perigosa jogada

Uma guerra civil foi iniciada

Ainda que fria ou calada

É uma tragédia anunciada

Faz-se no meio de nós uma cilada

E fico em meu intimo agoniada

Por minhas ideias e ideais

Fui eu questionada

Não seria o passado suficiente

Para mostrar todos erros de nossa caminhada?

Seria necessário o presente repetir

Todos os erros cometidos e omitidos

Durante nossa jornada?

E como será o futuro

E a vida aguardada?

Será sempre esse círculo vicioso

Esse efeito dominó jocoso

Onde o presente exasperado

Repete um passado pesado

E de sangue encharcado?

E o futuro paga pelos erros desse

Presente desgraçado em eterno desagrado?

(Nessa guerra já não posso eu me fazer mais de rogada...)

Não sei...

Pela primeira vez por minhas letras

Não quero trazer ou obter respostas...

Quero sim questionar....

Perguntar...

Racionalizar...

Incomodar...

A essa altura não me importa mais rimar

Não importa mais a beleza do poetar

Porque o que descrevo não é belo

O que passamos não é bonito

E o futuro que nos espera é singelo

Não por intenção de ser

Mas pela imposição do austero

(Nessa guerra já não quero mais me fazer de rogada.)

Não procuro trazer respostas

E nem quero

Quero perturbação

Iniciar uma revolução

Que começa na mente

Passe pelo coração

E se transforme em ação

Para que através do sentir...

Do pensar...

Do agir...

E do real questionar

Comece no interno de muitos

Uma real transformação

Não por mim

Não por você

Mas pela nossa nação

Que em agonia e aflita

Agoniza em total degradação

(Nessa guerra já escolhi meu lado na batalha!)

Ana Beatriz