Grito as margens plácidas (I)
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, um brado, hoje assombrado
Outrora um som retumbante, agora emudecido, quase caído
Ouvimos gritos, mães, crianças, dores e gemidos.
E o sol da liberdade? Colocado atrás das grades
Sem raios fúlgidos, procuram-se, desaparecidos
Sem brilho, inconstante, na pátria amada nesse instante.
Sem liberdade, vivendo na desigualdade
Jogados a própria sorte, esperando quem sabe a morte
Arrancado o que é conquistado, pelos braços fortes, que Deus nos conforte.
Que Deus te Salve ó Pátria Amada
Tu que foste idolatrada, hoje vive açoitada
Brasil que foi um sonho, sem sorriso, está tristonho.
Onde está o teu amor? Aos prantos sente dor
Teu céu está nublado, e o teu peito rasgado.
Gigante sem beleza, machucada ó natureza
Teu futuro é incerteza
Terra adorada, meu Brasil, ó pátria amada.
Mãe gentil, de filhos desgarrados
Existe uma voz que clama, Brasil há esperança.