BRASIL

Brasil!

Este Brasil que eu estribilho,

é de meu filho,

é meu,

foi de meus pais.

Não somos mais

que um pouco desse brilho

que brilha no Brasil dos ancestrais.

Brasil!

Creio em meu povo altivo e ordeiro,

manso cordeiro

às vezes,

vezes fera.

Fala,

verbera,

acende e ergue o luzeiro

da esperança e da fé, lutando espera.

Não mede o sacrifício do trabalho,

levanta o malho,

a picareta,

a enxada

e faz do nada

pão, casa e agasalho.

Sai ao trabalho em plena madrugada.

Cresce, apesar dos insucessos vários,

dos estuários

de imprudência e abusos,

de atos confusos

corroendo erários...

De erros antigos, de não sei que usos!

Constrói a indústria, move as oficinas,

quartéis e usinas

ou universidades.

Sertões,

cidades,

socavão das minas...

Em toda parte mil diversidades.

Cana, algodão, café, cacau, sisal,

ouro, cristal,

petróleo,

manganês...

No pasto a rês,

no mar pesca e coral,

cultiva tudo do melhor jaez.

Meu povo movimenta a arquitetura,

ergue a estrutura

de um país enorme.

Cria conforme as bases da cultura,

sem afinar com um "Duce" ou "Comninform"...

Sabe enfrentar, por si, a adversidade,

e com lealdade,

honrando a pátria e a grei.

Porém eu sei

com que ferocidade

fere meu povo, quem distorce a lei.

Meu povo é quieto e manso - ó sangue áfrico,

de cujo tráfico

caldeou-se langue.

Moteje... Mangue desse luso-áfrico,

veja que fera, se lhe ferve o sangue!

Creio em meu povo - quem quiser duvide.

Com que revide

ele revida o algoz!

Meu povo é atroz na guerra,

e nessa lide,

sabe matar, morrer...

- Nós somos nós!

Brasil! Este Brasil que eu estribilho,

é de meu filho,

é meu,

foi de meus pais.

Não somos mais

que um pouco desse brilho

que brilha no Brasil dos ancestrais.