Eu e o sertão
Eu já quis nascer no sertão
pisar, descalça o chão
brotar a seca no coração
e sentir próximo nordestino irmão
A viola a dedilhar
Uma triste canção escutar
a poeira em meus cabelos entrar
o ar ressecado respirar
Lá seria um alguém diferente
Em meu Padim seria crente
Esse amargor que vai na gente
Se dissiparia instantaneamente
Ah, no sertão eu viveria
E a terra árida cultivaria
Secos, os brotos morreriam
e mesmo assim minha fé nada abalaria
Pois o sertanejo é homem que tem
uma certeza antiga, sem porém
que por mais triste que seja a razão
por cima lhe vai o coração.