Eu e o sertão

Eu já quis nascer no sertão

pisar, descalça o chão

brotar a seca no coração

e sentir próximo nordestino irmão

A viola a dedilhar

Uma triste canção escutar

a poeira em meus cabelos entrar

o ar ressecado respirar

Lá seria um alguém diferente

Em meu Padim seria crente

Esse amargor que vai na gente

Se dissiparia instantaneamente

Ah, no sertão eu viveria

E a terra árida cultivaria

Secos, os brotos morreriam

e mesmo assim minha fé nada abalaria

Pois o sertanejo é homem que tem

uma certeza antiga, sem porém

que por mais triste que seja a razão

por cima lhe vai o coração.

Ana Cristina Cattete Quevedo
Enviado por Ana Cristina Cattete Quevedo em 20/09/2008
Reeditado em 04/10/2008
Código do texto: T1187454
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