Remanescente
Remanescente
Maiane Pires Tigre
Sufrágios, acasos, pequenos homens náufragos,
Cúmplices primários de uma esperança
Soçobrada...
À mercê de ventos e mares
Contrários...
Pecados veniais praticados
Por Vespúcio e sua comitiva, de capitães, religiosos,
Homens-soldados...
O “Paraíso Terrestre” outrora imaculado,
De pureza inigualável,
Cairia como um corpo tombado...
Atracavam em meu porto, nos idos anos de 1503,
Caras e velas enoveladas,
De pessoas ensoberbadas,
Numa espécie de venda a varejo,
Em pequenas doses...
Um céu agora acinzentado,
Tristes evidências de um passado queimado
Restam os escombros de uma arquitetura neoclássica
Estreitas ruas, registros em latim, estatutos...
De uma história por uns, adiada,
Em um presente ausente,
A revelia do seu próprio desmoronamento.
Outros, tomados por uma mudez transmudada,
De transidas palavras,
Sob vozes já gastas, abafadas,
Como as da família Ralile,
Que em forma de um reclame
Assinam com letra viva,
Os contornos históricos
Desta “luta renhida”
Pela sobrevida
De uma multidão remanescente,
Da nação caravelense...