Remanescente

Remanescente

Maiane Pires Tigre

Sufrágios, acasos, pequenos homens náufragos,

Cúmplices primários de uma esperança

Soçobrada...

À mercê de ventos e mares

Contrários...

Pecados veniais praticados

Por Vespúcio e sua comitiva, de capitães, religiosos,

Homens-soldados...

O “Paraíso Terrestre” outrora imaculado,

De pureza inigualável,

Cairia como um corpo tombado...

Atracavam em meu porto, nos idos anos de 1503,

Caras e velas enoveladas,

De pessoas ensoberbadas,

Numa espécie de venda a varejo,

Em pequenas doses...

Um céu agora acinzentado,

Tristes evidências de um passado queimado

Restam os escombros de uma arquitetura neoclássica

Estreitas ruas, registros em latim, estatutos...

De uma história por uns, adiada,

Em um presente ausente,

A revelia do seu próprio desmoronamento.

Outros, tomados por uma mudez transmudada,

De transidas palavras,

Sob vozes já gastas, abafadas,

Como as da família Ralile,

Que em forma de um reclame

Assinam com letra viva,

Os contornos históricos

Desta “luta renhida”

Pela sobrevida

De uma multidão remanescente,

Da nação caravelense...

Maiane Tigre
Enviado por Maiane Tigre em 11/10/2008
Código do texto: T1222916