Bairrismo
BAIRRISMO (Apologia)
As águas de outras terras
Já não saciam a minha sede.
A brisa de outros vales
não ameniza meu calor.
É o luar de minha terra
que clareia tanto assim,
ou é o sangue nordestino
que enraíza este bairrismo dentro de mim?
Por que os pássaros que gorjeiam em outras plagas
não me dizem tantas coisas que escuto aí,
de asas-brancas, rouxinóis e sabiás,
por que será, oh patativa, oh bem-te-vi?
É que a relva que floresce em minha terra
tem mais fortum, tem mais raiz, tem mais olor,
- ou serei eu que vejo assim:
com olhos de xexéu que furta a cor?
É que sou raiz, sou caatinga, sou agreste,
sou cangaceiro, violeiro, cabra da peste,
fonte límpida da Serra da Borborema
a gerar luz e poesia, jorrando amor!