BR-290 SÃO GABRIEL/ROSARIO DO SUL

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FLAVIO MPINTO

Veja aquela coxilha

Onde o vento encilha

Os raios de sol

A grama verde

O torrão fértil

Da campanha gaúcha

Que coisa linda

O entardecer naquela coxilha

Onde o campo empilha

A sabedoria do peão

E a humildade do gado

Que se alimenta

E ninguém, de sã consciência,

Intente em tirar-lhe a paz.

Que paz tranqüila

Reina naquela coxilha

Onde cresce o rico pasto

Para o gado

Que enganado

Foi para no abandono

Que rica paz

Naquele lagoão dourado

Refletindo os raios

De um silêncio tão desejado

De lanças e foices usadas

Com intenções malvistas

E por quem mal sabia.

Bendito sol

Que se avermelha para dormir

Depois de iluminar a campanha

Amenizando a sanha dos desocupados

A fome dos famintos

Os gritos dos desatinados

Bendito solo fronteiriço

Que agasalha o verde alimento

Os arroios límpidos e sonolentos

Cheios de lambaris e jundiás

Como veias suculentas da terra.

Bendito céu gaúcho

Que a tudo cobre

E cobra solenemente

A quem não se desdobre

A preservar e cultivar suas riquezas

E belezas que a todos encantam.

Benditos sejam todos

Os que vigiam e cuidam

Da Macela e do sabiá

O Quero-quero e o Tatu

Do capão de eucalipto e da Periá

Da sombra e do Cuzco amigo

Da solidão do Pampa

Do silêncio que encanta

Aquele que medita lá.

Mas não se esqueça

Que ali jaz o sossêgo

A nós legado pela luta dos Farrapos.