Sou Minas Gerais
Sou a chuva naquelas montanhas
E aqueles rios, sou Jequitinhonha
Sou água de cachoeira
E as pedras preciosas do garimpo
Sou as ruas de pedra
E as catedrais de séculos passados
Sou um perfeito alejadinho
E o barroco catoláico
Sou o filho da Inconfidência
Não sou a corda, sou pescoço
Sou a estrada real
E ouro que já morreu
Sou o Juquinha, Pedro ou João
E a Maria fumaça
Sou Marília
E Dirceu
Sou o chão de terra
Que cobrem as plantas
Sou os trilhos
E as trilhas deste chão
Sou as senzalas vazias
E as correntes enferrujadas
Sou o balaio de bambu
E o fogão de lenha cheirando à café pronto
Sou o barro
As mãos escuras
Sou artesanato
E namoradeira na janela
Sou um mastro forte
E a bandeira com um triangulo vermelho
Sou as grutas e cavernas
As arvores e as sombras sobre o cascalho
Sou uma cara
No mapa do Brasil
Sou branco, preto, amarelo, vermelho
E misturado
Sou os tambores
E o folclore
Sou o terreiro
E as folias de reis
Sou canção e poesia
Morte e nascimento
Sou os Bailes da vida
E a vela acesa diante da reza
Sou as serestas
E o sereno da madrugada
Sou a morena debruçada na soleira
E a serenata romântica
Sou o sino
Os fiéis
Sou o “uai”
Ou qualquer trem
Sou Minas Gerais