Sou Minas Gerais

Sou a chuva naquelas montanhas

E aqueles rios, sou Jequitinhonha

Sou água de cachoeira

E as pedras preciosas do garimpo

Sou as ruas de pedra

E as catedrais de séculos passados

Sou um perfeito alejadinho

E o barroco catoláico

Sou o filho da Inconfidência

Não sou a corda, sou pescoço

Sou a estrada real

E ouro que já morreu

Sou o Juquinha, Pedro ou João

E a Maria fumaça

Sou Marília

E Dirceu

Sou o chão de terra

Que cobrem as plantas

Sou os trilhos

E as trilhas deste chão

Sou as senzalas vazias

E as correntes enferrujadas

Sou o balaio de bambu

E o fogão de lenha cheirando à café pronto

Sou o barro

As mãos escuras

Sou artesanato

E namoradeira na janela

Sou um mastro forte

E a bandeira com um triangulo vermelho

Sou as grutas e cavernas

As arvores e as sombras sobre o cascalho

Sou uma cara

No mapa do Brasil

Sou branco, preto, amarelo, vermelho

E misturado

Sou os tambores

E o folclore

Sou o terreiro

E as folias de reis

Sou canção e poesia

Morte e nascimento

Sou os Bailes da vida

E a vela acesa diante da reza

Sou as serestas

E o sereno da madrugada

Sou a morena debruçada na soleira

E a serenata romântica

Sou o sino

Os fiéis

Sou o “uai”

Ou qualquer trem

Sou Minas Gerais

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 31/03/2010
Código do texto: T2169830