Changueadores da Fronteira

Profissionais solitários

nem dá prá dizer autônomos

as vezes se encontram aos bandos

rente aos cantos

sem encantos

na espreita de alguma changa

Há sempre alguém precisando

algum um serviço efetuar

uma tarefa caseira

uma cerca a levantar

uma capina aqui

serrar lenha logo ali

chama logo o changueador

que o pagamento é vintém

É farta essa mão-de-obra

de homens que estão nas sobras

estão fora dos mercados

peleando oportunidades

e não importa a idade

o que vale é sustentar-se

trabalho sem garantias

labuta de changueador

Me lembra um pouco de antes

invernos que se passaram

num campo municipal

homens rudes bem humildes

recostados

olhando a vida a passar

poucas roupas prá trajar

senhores de todas as changas

a um trabalho a esperar

Quem procura um changueador

pouco dispõe para pagar

nem força quer empregar

daí da prá se notar

o ganho desses viventes

poucos frutos poucas rendas

o futuro a limitar

Changueador de poucas chances

das cidades ou das charqueadas

que tem as mãos calejadas

sempre está a disposição

trabalho a qualquer feição

prá qualquer freguês da volta

changuear é o que te importa

changueador é profissão.

CesarO
Enviado por CesarO em 22/08/2006
Reeditado em 22/08/2006
Código do texto: T222614