NORDESTINAMENTE

Sou fogueira apagada - lenha verde

que a chuva de junho encharcou

Sou o barro amassado na parede

da casinha do velho agricultor

Sou bicho acuado no terreiro

em noite escura sem luar

A fivela apertada da sandália

doendo no calo do calcanhar.

Sou a poeira que bate na calçada

a pedra plantada na caatinga

sou vertente seca que a neblina

engana pensando que é nascente

O sol que se esconde no poente

a tristeza no canto do cancão.

Sou o riso amarelo da tristeza

de quem não tem no mundo alegria

sou desamparo sem calmaria

a dor que dói sem ter ferida

casa abandonada sem guarida

espera de quem foi pra não voltar

sou a escuridão de noite sem luar

sou pássaro triste que nunca mais cantou

VIREI ESPINHO - GALHO SECO

PEDRA JOGADA SEM O TEU AMOR

Sou a sobra esquecida no prato

sou aquele leite que derramou

sou o sino que já não tem badalo

sou caminho perdido,

sou aquele que foi e não voltou.

Sou assim dia 30 de fevereiro

no ano que o calendário não mudou

sou sapato esquecido no terreiro.

GALHO SECO - SOU ESPINHO

UM GRAVETO

SOU PONTE QUEBRADA

SEM O TEU AMOR.

dedicada e inspirada no matuto de Ribeirão.

CrisLima
Enviado por CrisLima em 23/05/2010
Reeditado em 23/05/2010
Código do texto: T2275460