NORDESTINAMENTE
Sou fogueira apagada - lenha verde
que a chuva de junho encharcou
Sou o barro amassado na parede
da casinha do velho agricultor
Sou bicho acuado no terreiro
em noite escura sem luar
A fivela apertada da sandália
doendo no calo do calcanhar.
Sou a poeira que bate na calçada
a pedra plantada na caatinga
sou vertente seca que a neblina
engana pensando que é nascente
O sol que se esconde no poente
a tristeza no canto do cancão.
Sou o riso amarelo da tristeza
de quem não tem no mundo alegria
sou desamparo sem calmaria
a dor que dói sem ter ferida
casa abandonada sem guarida
espera de quem foi pra não voltar
sou a escuridão de noite sem luar
sou pássaro triste que nunca mais cantou
VIREI ESPINHO - GALHO SECO
PEDRA JOGADA SEM O TEU AMOR
Sou a sobra esquecida no prato
sou aquele leite que derramou
sou o sino que já não tem badalo
sou caminho perdido,
sou aquele que foi e não voltou.
Sou assim dia 30 de fevereiro
no ano que o calendário não mudou
sou sapato esquecido no terreiro.
GALHO SECO - SOU ESPINHO
UM GRAVETO
SOU PONTE QUEBRADA
SEM O TEU AMOR.
dedicada e inspirada no matuto de Ribeirão.