"Sou do Sertão"

Não tenho mais pranto

Meus rios secaram todos

Meu rosto é espelho desse chão

Rasgado por sulcos profundos

Sou do sertão

Levo a vida “severina”

Que se pode levar

Aqui, até meus olhos de estio

Queimam de desilusão

Nas minhas veias

Rios pouco perenes

Ainda correm resolutas

Doses de um sangue

De cor sem força

Mais suficientemente forte

Para não me deixar abater

Nordestino por falta de opção

Aprendi a amar esse chão

Com todas as dores que ele tem pra me oferecer

Olhando daqui vejo galhos secos, cinzentos

Parecem raízes alheias ao vento

Que sopra trazendo rarefeita ilusão

E vou vivendo e morrendo

E a cada dia é um passo que dou

Em direção a minha última alegria

A união definitiva com meu chão.

® Varley Farias Rodrigues