Vida Sertaneja.
Seca que desola que expulsa,
Castiga, cria uma casca, escudo.
Aridez mata tudo, racha o chão,
Calor desértico deixa-nos sem emoção.
Também temos belezas:
Tatu, calango, coleirinha, cardeal.
Todo serrado e semi árido no meu quintal.
Plantamos mandioca, a colhemos,
Transformamos em farinha, a melhor!
Temos a palma, rainha da seca.
Alimenta o gado magro,
Ajudam-nos a sobreviver.
Vivemos em casa de taipa, sapê.
Cozinhamos na lenha todo dia,
Café no coador de pano,
Debuiamos o milho e fazemos canjica.
Criamos carneiro e bode,
É o que dá pra criar!
Galinha no quintal fica esperando,
Motivo especial pra na panela entrar.
No pilão machucamos milho, amendoim.
No alambique fazemos verdadeira cachaça,
Tomamos pra esquecer as desgraças,
E pra comemorar as alegrias.
Cavalo magro como eu,
Vivi do que dou a ele,
Pois sozinho alimento não consegue.
Tenho a cara marcada pelo sol,
Visto roupas de vaqueiro tangedor,
Couro de bois que um dia guiei.
Desvalido de dinheiro tenho força.
Radio e televisão, movidos a pilhas
Que só as compro quando vou a cidade,
Na venda fazer barganha com o que colho.
Tenho minha crença, minha fé.
É o que me ajuda o prosseguir, resistir.
Sou mais um nordestino,
Filho do Pai Sol e da Mãe terra.
Allan Ribeiro Fraga