Vida Sertaneja.

Seca que desola que expulsa,

Castiga, cria uma casca, escudo.

Aridez mata tudo, racha o chão,

Calor desértico deixa-nos sem emoção.

Também temos belezas:

Tatu, calango, coleirinha, cardeal.

Todo serrado e semi árido no meu quintal.

Plantamos mandioca, a colhemos,

Transformamos em farinha, a melhor!

Temos a palma, rainha da seca.

Alimenta o gado magro,

Ajudam-nos a sobreviver.

Vivemos em casa de taipa, sapê.

Cozinhamos na lenha todo dia,

Café no coador de pano,

Debuiamos o milho e fazemos canjica.

Criamos carneiro e bode,

É o que dá pra criar!

Galinha no quintal fica esperando,

Motivo especial pra na panela entrar.

No pilão machucamos milho, amendoim.

No alambique fazemos verdadeira cachaça,

Tomamos pra esquecer as desgraças,

E pra comemorar as alegrias.

Cavalo magro como eu,

Vivi do que dou a ele,

Pois sozinho alimento não consegue.

Tenho a cara marcada pelo sol,

Visto roupas de vaqueiro tangedor,

Couro de bois que um dia guiei.

Desvalido de dinheiro tenho força.

Radio e televisão, movidos a pilhas

Que só as compro quando vou a cidade,

Na venda fazer barganha com o que colho.

Tenho minha crença, minha fé.

É o que me ajuda o prosseguir, resistir.

Sou mais um nordestino,

Filho do Pai Sol e da Mãe terra.

Allan Ribeiro Fraga

ESCRITOR FRAGA
Enviado por ESCRITOR FRAGA em 07/02/2011
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