a estrada que anda pra tras

e tudo era tao bom

tinha a vida correndo

o beijo maduro

a estrada quente

tinha a vida solitaria

o beijo noturno

a vida que vagava nas paredes

nos santos

nas pistas e piscitanas

a noite que chorava

e media em cada som

a carta veloz

tinha a tampa

o pote

o guardanapo

a estrada de ferro

no quadro na parede

tinha a estacao

o pao velho

a garga

as meninas que nao queriam

as pontes que ligava tudo a nada

as plantas pequenas

pedindo agua

ou bicho

a carta

a pedra

a passo

chutando o tempo pelas portas

a carne espessa pedindo solidao

tinha o carvao apagado

o pilao velho

sem amor

sem nada

que disse nada

tinha helena

loira

luca

e os meninos na cerca

tinha tudo e mais um pouco

no portao dos fundos

na casa de verinha

dona filu

a escola calada

branca de cal

o moldes de pano

as gemeas da rua de cima

tinha os gravetos

seu jasom

as putas na rua da areai

tinha minha saudades desesperada de andressa

o tempo parava so me ver parar

e tudo ia mesmo assim

sem nada pra provar

so o sol

a chuva

o vento

as arvores no quintal

as crianca correndo como loucas querendo amor

atencao

batoque

passarinho

tinha as coisas de casa

a fome

a dor

o tapa

o choro

a traicao

a partida

tudo no alto como uma flor bem cara

tudo bem baixo como merda

a casa velha pedia socorro

a cerca caia

o ceu mostrava arrogancia

as andorinhas em filas marcava suicidio no final da tarde

seu raul batia em roberto

do vera chamava alemao

gozinha casava de novo

tristeza na cara do muro

tudo em vao

em sao

tudo caro

tudo barato

nada de nada

so mato

mato e po

na estrada escuro que vagava no meu quarto

tinha a prisao da janela

tinha a moca linda que nem ligava pra mim

as caixas

o batom

a pista de danca

o movimento ridiculo

as patas de pato

as morte na familia

o vizinho rico

a igreja pobre

o muro de novo fechando de branquidao o horizonte

a venda que nao vendia mais fiado

o resto de ze

o ida de paulo

a tristeza de railda

a fome de judinha

o jogo de mane

o sinuca sem taco

a bola caida

o pardao morto

a serra que prende

as estradas que me leva a tudo isso

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 11/03/2011
Código do texto: T2840664