O MEU CEARÁ
Vivo no meu Ceará
Terra de muitos poetas
De José de Alencar
Ao lugar de muitas festas
Vivo sob sol ingente
Que esquenta a cabeça chata
Deste povo cearense
Que sua luz arremata
Mas eu não reclamo
Do meu calor nordestino
Entra ano, sai ano
Sou o mesmo beduíno
Como baião-de-dois
Tomo a doce cajuína
Já desbravei os sertões
Como poeta, minha sina
Gosto da caatinga
E da flora silvestre
Quando chove, respinga
Na casa deste mestre
Gosto do teu litoral
E da água dos teus coqueiros
Me refresco deste mal
Que é meu viver corriqueiro
Meu Ceará é alegre
De gente hospitaleira
Do vaqueiro, almocreve
À bela mulher rendeira
Terra de gente morena
Escaldada pela vida
Minha Terra de Iracema
Minha Terra Prometida
Os teus filhos te orgulham
Por este Brasil tão gigante
São flores que pululam
Em muitas florestas distantes
Somos gente de conceito
Em cada distante rincão
Voamos de aberto peito
Como as aves de arribação
Ceará, meu torrão
Nasci como menino
Dancei o teu baião
Sou teu filho peregrino
E quando eu me for
Desta vida xique-xique
Quero nascer com’uma flor
Numa casa de pau-a-pique.