MESTIÇO
Sou cabocla das barrancas
Filha mística deste chão
Índia alforriada e esquecida
Nordestina foragida, da fome do sertão.
Galega filha bastarda
Da Europa aqui a portou
Trazendo filho no ventre
Para ser conquistador.
Amazonas, filhas guerreiras
Das terras de Hnamundá
Deu nome ao grande rio
Que banzea rumo ao mar.
Parintins é ilha minha,
Tem festa do boi bumbá,
Nas noites de lua cheia,
Tupã vem festejar.
Cunhatã moça donzela
A encantar os Curumins
Cunhã mulher faceira
A enfeitiçar boto tucuxi.
Sou guerreiro, sou marrento
Sou caboclo pereché
Sou água preta e barrenta
Sou o dono deste chão.
Da selva filho sou
Soberano a reinar
Meu reino tem riquezas
Ao mundo cobiçar.
O Amazonas é assim;
Quando é rio,
Enobrece com sua imensidão;
Quando é selva,
Seduz e contagia com seu verdor.
Sou o Amazonas
Caboclo bonito e fogoso
Sou índio de pés no chão.