Resto de Tempo
Nas mãos do menino
que prepara a pandorga
e joga em silêncio
o voar de um desejo
recrio pra mim
um passado segredo
sem medo do vento
que muda a estação.
Baladas de outono
milongas de espera
cantigas de inverno
toadas verão
canção natural
das manhãs primavera
verdades sonoras
de um mundo interior.
Gadinho miúdo
na beira da estrada
cheirinho de almoço
sabor ilusão
paixão domingueira
luares, estrelas
olhares perdidos
acenos de adeus.
Maria Fumaça
cruzando caminhos
caminhos cruzados
destino poesia
nas mãos do menino
que empina a pandorga
um resto de tempo
pedaços de mim.