A cidade

O tempo corre na cidade apressada

Pessoas em caixotes atravessam pontes

Mochilas, bolsas, carteiras, celulares.

O tempo escorre pelas ladeiras de asfalto

O pensamento não pensa tamanha a ansiedade

Há que se fazer, ser, ter, seguir...

Não sonhar.

Não há tempo.

Prédios, tédios...

Janelas,

Olhares dispersos.

Telefones que gritam,

E-mails que chegam.

Bancos, filas, dinheiro...

Fartura, desperdício, fome.

Casas e mais casas...

Moradores de rua,

Solidão.

Gente, muita gente!

Muitas solidões lado a lado.

E, embora o horizonte litorâneo adentre as vistas,

O ritmo já cresce,

O estresse já cresce,

O lixo já cresce!

Degradação...

De ambiente e de gente.

Por que a correria meu Deus?

Falta perna, fôlego e força.

Os edifícios sobem em velocidade espantosa

À custa do suor que escorre no rosto exaurido do trabalhador,

Carregando a massa que não o edifica...

Sendo a massa.

Os montantes de dinheiro crescem.

A pobreza cresce...

Na mesma proporção.

Os ricos enriquecem,

Os pobres empobrecem,

Os políticos roubam.

Gente trabalha, estuda, vive, sobrevive.

Gente ainda teima em sonhar.

Gente vai ao cinema, ao forró, ao rock.

Gente ainda vive, “deixa o trem pocar”.

O tempo constrói e destrói.

O tempo deforma

E dá forma...

À cidade aquecida pelo ideal do desenvolvimento.

Vitória, qual é sua forma?

Cabem nossos sonhos em ti?

Que sonhos?

Não há tempo!

Será?

E segue a cidade apressada...

(À cidade de Vitória - ES)