DOIDINHA ou Amô Agraudado

Eita cumpade Lula. Tu sabe que num sô homi de meia teia nem mei tijolo. Se tu falá qui é preu tá num canto às sete, às sete eu tô lá no canto!

Se tu dissé num venha eu num venho e pronto!

Não gosto de me passá por gato novo lambendo os mamilo da mãe pelas bêrada.

Num me venha cum essas história de tenha paciênça. Já sô macaco vêi cansado de coçá o bucho prá fazê menino ri.

Sei que tu também sois anssim, mas aquela tua fia nem puxô a tu nem a cumade Nilzinha.

Aquela danada tem prazê em dá apagamento em noite de lua. As cunvesa dela vai puxano meu carro de boi pruma ribancêra e quando dô fé, já to me acabando barranco a baixo.

Já tô pegando sete raiva, quatro abuso e três desgosto. Toda vez que a doida passa por mim diz que no fundo do coração me tem apreço. Mas num é um apreço desses de novela de ráido não. É um apreço agraúdado desses de tela de cinama americano. Mais quando digo a ela que o meu querê tamém é dos grande feito açude na invernada ela sempre arruma um jeito de sumi da minha vida ou de me desamá. Ai eu fico assim perdido feito fi de rameira no dia dos pais. Vê se o sinhô daí donde está, dá uns conselho a ela pramode essa doidinha disistir do mundo e vim ficá de vez mais eu.

à Eliane Jordão

Herivaldo Ataíde
Enviado por Herivaldo Ataíde em 06/11/2011
Reeditado em 06/11/2015
Código do texto: T3320346
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.