SAGA DA BRAVA GENTE
 
Na aurora do meu sertão,
As folhas se contorciam,
Os raios quentes do sol,
As umidades sorviam.
 
As árvores não se vestiam,
As folhas todas caídas,
Em pó o sol transformava,
Ficava tudo sem vidas.
 
A terra era mal vestida,
Arvores de pé que secava,
No alto da “copiúba”,
Cauã a tarde cantava.
 
Camponês desconjurava,
Seu estridente piar.
Seu canto ere agoureiro,
Não ver a chuva chegar.
 
A criança a brincar,
Pulava no solo quente,
No casebre adentrava,
A sola dos pés dormente.
 
A mãe pobre penitente,
Nas "trempes" cozinhava,
A macaxeira “coruda”,
Quando o brejeiro doava.
 
Essa gente que chorava,
Era guerreia e valente,
Tirava donde não tinha,
Mas plantava a semente.
 
Oh! Terra da pobre gente,
Já que és a mãe gentil,
Cuidas melhor desses filhos,
Sendo a família Brasil                
          
                Rio, 05/07/2012

                             Feitosa dos Santos


* "coruda" - Dura de cozinhar
  "copiúba" - Arvore de folhas largas do cerado;
  "Trempes" - tres pedras em forma de triangulo que suspende a panela do fogo de lenha