Canudos em prosa

O vejo não com olhar sertanejo

Tampouco com olhar etnocêntrico europeu

Por certo tenho para ti, um olhar crítico.

Vejo-te como homem ícone que finda o velho e sempre novo mundo.

Rompendo com a nova ordem

Você Conselheiro, trouxe à luz.

Num tom profético, o último suspiro.

Da visão conservadora da moral que prega.

O Sertanejo sem armas e sem regalos.

Cercado de um hostil cenário.

Protagonizou o estopim da guerra.

De Monte Santo para o mundo, do mundo para imortalidade.

A República veio com glórias.

Irrigada pelo sangue cancioneiro.

Conselheiro ao pregar a moral vivida.

Ascendeu à pira, o paiol da ira do governo.

Um homem, maltrapilho.

Cujo poderio bélico.

Fora sempre seu impetuoso discurso.

Tal discurso aglutinador do sangue sertanejo.

Em defesa da celeste autoridade monárquica.

Fez de Canudos o último calo do novo regime.

Cujo estado embrionário

Foi capaz de extrair o sumo miscigenado, esmagando o sonho do Conselheiro.

Euclides chegou precavido.

Sabido de que ali morava a barbárie.

E um povo manipulado.

Instrumentado por forças do exterior.

Grande equívoco se deparou

Quando Antônio o seduziu.

Cunha não compreendeu a bravura de um povo manso.

Que lutava o que nunca viu.

Incoerente e insolente o livro o apresentou

Os Sertões um best seller que ao mundo encantou

A República se instalou o Estado Laico agora reina.

O casamento civil evoluiu, a família se destituiu.

Conselheiro assertivo, de onde estiver viu.

Tudo se consumar em demérito dos que a instituiu.

Do que serviu a guerra de Canudos?

Além de obras literárias? Cuja estética pelo drama humano embasado.

Hoje reina a República vil.

Corruptos e relativismos.

Impregnados dos poderes paralelos

Que se constitui no pior do pior que Conselheiro previu.

Monte Santo era o refúgio.

Dos que da Moral queria viver.

Hoje na moral não se fala.

E não há Monte Santo para nos valer.

Há de vir um novo regime.

Pode chegar sem alardes.

Não há Conselheiro na seca que persiste.

Não há sertanejo interessado em derramar seu sangue.

Pois não há mais medo do pecado.

Mamamuchima
Enviado por Mamamuchima em 02/12/2012
Reeditado em 02/12/2012
Código do texto: T4016129
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