Do meu Sertão

No meu sertão tem que ter

Baião-de-dois e buchada

Ter xique-xique e algaroba arrastada

E uma ermida no alto das pedras

Pra eu fazer a minha oração

Tem que ter consolo

Na brisa da madrugada

Onde a aurora é reverenciada

Por concrizes e galos-de-campina

Numa emocionante louvação

No meu sertão tem que ter lua

Zilhões de estrelas, num lindo lençol

Que aguardam os olhares

Das simples pessoas

Que contam as horas pra ter com o sol

E ver que das mãos

São vidas que nascem

São plantas que crescem

Num belo começo, que torna

A vida do povo melhor

No meu sertão é que eu vejo

O que é o dom sertanejo

De ser sofredor e valente

De ser como a planta e a semente

Que vinga e que põe sua flor

É nesse sertão que Gonzaga

Cantou e lavou nossa alma

Com as águas dos rios

No toque dos dedos

E o aboio segredo que é todo amor